Como bem notou um sábio no twitter, seguramente se graduou em algum curso de humanas o sujeito que conclui que “o país está dividido” diante da informação de que 90% da população reprova o governo Dilma. Mas para além de absurdos e delírios, ainda quando há consciência das proporções, deve-se criticar qualquer pressuposto que iguale ou nivele, política e ideologicamente, os governistas e a oposição civil. A defesa de criminosos do Partido dos Trabalhadores é própria do discurso de seus advogados muito bem pagos, não sendo compatível com a militância partidária, muito menos com a condição de simples cidadão que não abre mão de seus direitos. O PT não inventou a corrupção, mas seus militantes inauguraram a tendência à defesa de corruptos, diante de amigos, parentes, colegas de trabalho ou faculdade, enquanto todos estes sofriam a humilhação de ter sido lesados e enganados por políticos que ajudaram a se eleger.
Já quando se alude a estádios de futebol com a expressão “clima de FlaxFlu”, a analogia das torcidas torna a militância de ambos os lados uma explosão de fanatismo e irracionalidade. Se o Flamengo jogar bem ou mal, melhor ou pior que o Fluminense, seus torcedores desejam invariavelmente que saia vencedor e seja campeão, ainda quando ocorre alguma trapaça ou erro decisivo do árbitro. É uma covardia obscena atribuir este sentimento e atitude a todos que neste momento do país se opõem ao partido que atinge o quarto mandato no poder.
Tampouco há semelhança entre a paixão por clubes de futebol e a defesa de um partido por grupos dependentes do financiamento estatal, como CUT, MST, MTST, UNE, “ONGS” sustentadas pelo governo, funcionários públicos e a turma da mortadela das manifestações em dia útil. Além do vandalismo ser comportamento dominante, glamourizado, entre muitos destes, deve-se ter em conta que são os impostos de um “lado”, o da população, que viabiliza o patrocínio dos governistas pagos para hostilizá-la e intimidar iniciativas pacíficas da manifestação contra o PT.
Claro, nem sempre a apologia de um grupo criminoso é produto de regalias e remuneração, sobretudo no caso de estudantes universitários que não exercem liderança em nenhuma organização ou movimento. Estes trabalham de graça mas reproduzem o que lhes chega por fontes sabidamente comprometidas com o partido que está no poder, como jornalistas-blogueiros, professores na universidade, ou sub-celebridades do ativismo juvenil de esquerda.
Com isso, se tem mantido a ilusão de legitimidade de uma casta dirigente que já não representa qualquer interesse da sociedade civil, fazendo daqueles grupos comprados, e politicamente controlados, o simulacro do apoio popular que se perdeu. Dá-se o isolamento não só político, mas na comunicação: o marketing do partido estabelece palavras de ordem, os jornalistas se dedicam ao proselitismo, a militância adere ao mantra do momento. Enquanto isso, toda a população que não participa deste jogo monótono, assiste perplexa o jogo do poder cada vez mais alheio às suas necessidades e reivindicações.