A teoria da conspiração mais popular, e até bastante levada a sério, é a que imagina os meios de comunicação como uma fonte de hipnose coletiva. Uma observação atenta permitiria constatar que eles não são tão onipotentes assim. As armas que os grandes meios empregam são realmente poderosas, mas para que sejam eficazes, é necessário que se reconheçam seus limites. Provavelmente, a melhor “técnica” da mídia está em ocultar muitas coisas. Naquilo que ela tenta explicitamente promover, no entanto, fracassa com enorme frequência.
Exceto quando há fontes externas ao mainstream do jornalismo, para fazer circular informação oficialmente banida de tal espaço, se manipula a opinião pública com perfeição ao se ocultar algum conteúdo fundamental. Exemplo extremo foi a existência e os planos do Foro de SP, que mesmo após quatro mandatos do PT no Brasil, que lá exerce protagonismo continental, continua sendo ignorado por maioria da população. Os poucos bem informados a respeito, chegaram a seu conhecimento por via de fontes “heterodoxas” como as da internet. Da mesma maneira, quase nada é comunicado para grandes públicos a respeito do contexto internacional de Guerra Fria, ou dos acontecimentos internos relacionados à subversão armada, durante o Regime Militar.
Ao contrário do autoritarismo bruto que o controle da informação é capaz de exercer por via da censura, a influência sobre a população para manobrá-la em direção determinada, é muito mais difícil. O êxito aí sempre depende de que se consiga vincular a opinião propagada a algum valor fundamental para o senso comum. Pouco importa que o conteúdo dessas campanhas represente de modo autêntico aqueles valores. Basta ser convincente em rotular o que se defende com símbolos como paz, justiça, solidariedade, compaixão, caridade, democracia, progresso, etc. Mesmo nesse caso, há o risco de que adversários desmascarem a demagogia, denunciando as reais intenções disfarçadas pela bela retórica.
Seguindo um rumo oposto em grande parte dos casos, a formação de tonalidade marxista de jornalistas, intelectuais e líderes de certos grupos ativistas, tem produzido fenômeno muito diferente da exploração de valores tradicionais e estáveis. Ao invés daquele habilidoso maquiavelismo mais convencional, se busca impor grosseiramente tudo aquilo que mais escandaliza e ofende as pessoas comuns, ainda que apresentem as novidades extravagantes como consenso entre pessoas de bom senso. Muitas vezes, é obtido o resultado contrário ao que se busca, intensificando a rejeição e a resistência popular a agendas como aborto, ideologia de gênero, ateísmo, ataque à instituição da família, ou defesa de atos e grupos criminosos, com hostilidade à polícia e militares.
Talvez a longo prazo, se possa imaginar que uma persistente ação no âmbito cultural alcance a façanha de substituir os valores estabelecidos para o senso comum de uma sociedade, promovendo outros que julga mais convenientes para sua finalidade revolucionária. A curto prazo, porém, a lógica do que deve ser negado ou exibido exaustivamente ao público, se submete ao conservadorismo popular. A capacidade de imitar tal padrão cultural é o que o marketing marxista se esforça por aperfeiçoar, quando não insiste infantilmente no código “politicamente correto” que só encontra adesão entre seus próprios companheiros de militância, cada vez mais isolados da maioria da população brasileira.